segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Dilma e Serra precisarão agora de força que faltou no 1o turno

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Por Alexandre Caverni

SÃO PAULO (Reuters) - O sonho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de conseguir para sua candidata o que ele mesmo não alcançou se evaporou na linha de chegada do primeiro turno. Dilma Rousseff (PT) terá agora que enfrentar uma dura campanha de quatro semanas contra José Serra (PSDB) para tentar confirmar sua vitória parcial deste domingo.
A curva declinante dos últimos dias nas pesquisas eleitorais, confirmada nas urnas, mostra que a tarefa da petista não será fácil.
Mas a missão do ex-governador paulista também é bem complicada. Afinal, a realização do segundo turno foi muito mais resultado do fôlego da candidata do PV, Marina Silva, na reta final do que dos esforços do tucanos para reverter o que se desenhava há algumas semanas uma derrota humilhante.
Com 97,88 por cento dos votos apurados pelo Tribunal Superior Eleitoral, Dilma tem 46,60 por cento dos votos, Serra soma 32,74 por cento e Marina, 19,51 por cento.
O segundo turno trará, necessariamente, uma mudança na estratégia de tucanos e petistas. A começar pela disputa sobre os quase 20 milhões de votos que a evangélica Marina conseguiu.
As declarações durante a campanha, sua história antiga e os fatos mais recentes indicariam para a neutralidade da candidata verde no segundo turno. Mas o PV pode preferir assumir um lado. Há os que apostam que o apoio do partido será para os tucanos.
Mas se a transferência de votos de Lula não foi automática para Dilma, não é fácil arriscar para onde irão os eleitores de Marina.
Antigos petistas desiludidos com o escândalo envolvendo Erenice Guerra, ex-auxiliar de Dilma, na Casa Civil que decidirão votar em Marina podem ter dificuldade de votar em Serra.
Mas os eleitores que foram influenciados pelos ataques de líderes evangélicos nos últimos dias contra a candidata governista e o PT em função de temas polêmicos como o aborto dificilmente deixarão de apoiar Serra.

FORA DO PROGRAMADO

Lula trabalhou o tempo todo para que a disputa ficasse polarizada entre Dilma e Serra, a quem derrotou oito anos atrás, de modo a garantir a eleição já no primeiro turno, o que não conseguiu nas duas vezes que venceu a disputa pela Presidência.
Neste esforço rifou a candidatura de seu aliado e ex-ministro Ciro Gomes (PSB), que brigaria por votos no campo lulista.
Dilma colou em Lula e apostou na transferência de votos do presidente, usando o horário eleitoral gratuito para mostrar sua ligação a ele e os feitos do governo nos últimos oito anos. Ignorou os ataques, as acusações e denúncias. Tentou voar no céu de brigadeiro da popularidade de Lula e deu certo durante boa parte do tempo.
Mas o resultado do primeiro turno parece mostrar que ela vai precisar mais do que isso para ser eleita.
Serra, do seu lado, tem nas próximas semanas a chance de encontrar um foco adequado para sua campanha, que tentou não trombar com Lula --usando inclusive imagens do presidente com o tucano-- e se mostrar como um candidato da continuidade ao mesmo tempo que sua campanha atacava Dilma e o PT.

(Edição Maria Pia Palermo)

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